Tudo bem não ser normal, por Josué Calixto

Algo que tem conquistado a muitos recentemente são os famosos “Doramas”, séries coreanas geralmente voltadas para os gêneros de romance, comédia e drama,  vem cativando pessoas de todas as idades, por terem um roteiro simples e cativante. Com a crescente variedade de títulos do gênero em streamings, muitos vieram a ter contato com a Netflix, e por fornecer a dublagem de muitos doramas produzidos por ela, tornou mais popular nesse lado do globo.

Para muitos que acham que só americanos sabem fazer séries, este é um exemplo de que a arte reina em todos os cantos da terra, pois a estética, a fotografia e trilha sonora desta série submergem naquele mundo. Apesar de ser principalmente um drama, ela aborda romance, suspense, terror, fantasia, tudo perfeitamente equilibrado. Cada episódio tem um titulo de um conto de fadas e somos apresentados a esses contos no decorrer dos episódios, muitos escritos pela protagonista da série. Os contos de fada casam perfeitamente com a estética da série, pois são uma maneira fantasiosa de descrever a forma cruel como o mundo é de uma forma um tanto peculiar.

Tudo bem não ser normal é diferente de qualquer série que você tenha assistido. Os elementos de comédia romântica estão lá, porém é muito mais que uma simples história de um rapaz que conhece uma garota e se apaixonam. Os personagens têm várias camadas, e quando você acha que já se surpreendeu o suficiente, ela vem com diversas situações de cair o queixo.

Então, sobre o que se trata? Acompanhamos a história de Moon Kang Tae, que trabalha como agente comunitário de saúde em uma área psiquiátrica ao mesmo tempo que tem que cuidar de seu irmão mais velho que é autista, e a Go Moon Young, que é uma autora de livros infantis bem sucedida que sofre com um transtorno de personalidade anti-social e nunca chegou a se interessar por alguém, assim como o atarefado Kang Tae. Após se conhecerem, lentamente os dois começam a curar as feridas emocionais um do outro. A base da série é essa, porém, ela nos trás questões mentais das mais diversas formas, mas tratadas com uma delicadeza primorosa que nos faz ter empatia por todos os personagens que conhecemos na série, na clínica psiquiátrica temos pacientes que sofrem abuso de companheiro, pacientes que sofrem com o abuso de álcool, até mesmo paciente que sofre de transtorno de personalidade dissociativa.

O titulo da série Tudo bem não ser normal, indica que todos tem seus problemas, todos tem um pé fora da linha, ou um parafuso a menos e tudo bem, não é o fim do mundo. Ela trata tais assuntos com uma delicadeza que nos faz refletir sobre cada situação, conseguimos entender a motivação, o porque de cada personagem agir de tal forma, por ter a ver com a forma como foi criado ou por problemas que enfrentou durante seu crescimento, daí cria um casulo para se proteger e evitar de se magoar. Conseguimos compreender todos os personagens, principalmente os protagonistas, como no caso da Moon Young, vemos nos olhos dela, que está sofrendo, não quer ser assim, mas ela é assim, assim como Kang Tae, que não quer ter que servir os outros pro resto da vida, ele quer ter uma vida, ele também quer ser cuidado e também quer ser amado.

A série está disponível no Brasil pela Netflix e conta com o total de 16 episódios, diferente das séries que estamos acostumados a terem diversas temporadas, os Doramas em sua esmagadora maioria costumam ter início meio e fim, tudo em poucos episódios, então não se surpreenda se chegar no final e não ter um famoso gancho para continuação. A série fez tanto sucesso que os livros escritos pela Moon Young, foram publicados, aqui no Brasil a publicação ficou por conta da editora Intrínseca.

Josué Calixto

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